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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A Pedra do Ingá: uma pré-história da arte no Brasil


Luiz Galdino*


Em se tratando de possíveis documentos pictográficos e ideográficos no Brasil, nenhum outro talvez é tão evidente quanto aquele exemplar excepcional da Paraíba, conhecido como itacoatiara de Ingá ou pedra lavrada de Ingá. o monumento, composto de uma única pedra, repousa abandonado, em campo aberto, junto ao curso do rio Bacamarte, na localidade de Ingá, na Paraíba.


A pedra de Ingá, com seus relevos de acabamento esmerado destaca-se, imediatamente, como exemplar ímpar, diante do vasto acervo de itacoatiaras espalhado por todo o país. As inscrições são gravadas em baixo-relevo, mediante sulcos largos e profundos. Nos pontos melhor conservados, percebe-se, ainda, vestígios de uma antiga pintura que recobria o fundo dos sulcos.



Graças a essa camada de tinta, cujo oleado impermeabilizou a rocha, as insculturas conservaram-se brilhantes e polidas, resistindo às intempéries. No dorso da pedra estão gravados os signos mais variados: antropomórficos, zoomórficos, geométricos, caracóis e figuras de objetos rituais extremamente estilizados à maneira de verdadeiros ideogramas.



Em vista desse exemplar, parece não haver dúvida quanto a um genuíno sistema ideográfico. S signos estilizados ao extremo supõem um prolongado período de evolução e aprimoramento. Estranhamente, esse signário mostra-se único. Mais fácil imaginá-lo como a obra de um povo estranho que atravessou a região, não deixando outros testemunhos, do que pensá-lo como a evolução natural a partir dos exemplares mais primitivos existentes no resto do país.



Na região de Ingá, encontram-se alguns poucos ensaios aparentados com o monumento. São verdadeiros ensaios, compostos de dois ou três signos, mal acabados, como se fossem abandonados antes do término. No entanto, a tipologia está definida, exatamente como nos ideogramas da pedra lavrada...



Em vista desse documento, mais que discutir sobre a procedência ou não de uma escrita, levanta-se a questão já aventada em relação aos supostos registros astronômicos: como coadunar a presença desse signário próprio da idade dos metais, entre nossos grupos brasilíndios que aparentemente jamais superaram o estágio da indústria lítica?



* Especialista em História da Arte, membro do Instituto Paulista de Arqueologia e da Sociedade Paraibana de Arqueologia (correspondente em São Paulo).

1 comentários:

Anônimo,  27 de novembro de 2008 às 18:57  

Essa pedra é sem dúvida fantástica. Seu valor e beleza é indescritível. Parabéns pelo artigo.

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